sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Governo brasileiro confirma compra de 36 caças supersônicos da Suécia


Governo brasileiro confirma compra de 36 caças supersônicos da SuéciaModelo sueco será montado pela Embraer (Fonte da imagem: Reprodução/Air-Atack)
As negociações para o reaparelhamento da Força Aérea estavam se arrastando por quase 15 anos até que a presidente Dilma Rousseff anunciou ontem a decisão de que o governo brasileiro iria adquirir 36 caças supersônicos da fabricante sueca Saab.
O modelo Gripen NG deve ser produzido em parceria com a Embraer e ter cerca de 80% da sua estrutura feita no Brasil. De acordo com o Ministério da Defesa, a escolha pelo avião sueco se justifica pelo bom preço (US$ 5 ou 6 bilhões) e principalmente pela possibilidade de transferência de tecnologia.
O programa de negociações para a compra de novos caças para a Força Aérea teve início ainda no governo de Fernando Henrique Cardoso, mas foi cancelado durante o gestão de Lula e, agora, decidido por Dilma Rousseff. O Brasil deve começar os pagamentos em um ou dois anos e passará a receber 12 caças por ano a partir da assinatura final do contrato com a Saab. Até 2023, as 36 aeronaves devem estar prontas para voo.

O avião que o país precisa

Com o término da vida útil dos caças Mirage, um dos principais modelos que a Força Aérea utiliza atualmente, o país precisaria manter seu poderio militar em dia a fim de defender as fronteiras e estar pronto para eventuais conflitos, ainda que muito pouco prováveis. Fora isso, como Gripen chega ao Brasil com completa transferência de tecnologia, ao fim do contrato a Embraer terá experiência e capacidade para continuar suprindo a demanda por aviões militares do país. Isso porque a maior parte do avião será feita aqui e montada pela empresa brasileira. Em 2018, as primeiras unidades deverão ser entregues.
Além de ser o mais barato, o Gripen é também o mais eficiente de todos os concorrentes derrotados. O avião da norte-americana Boeing seria caro para manter funcionando e para voar, e o da francesa Dassault era o projeto mais custoso no geral. Fora isso, nenhuma das duas empresas concordou com a total transferência de tecnologia, como a Saab, criadora dos Gripen.
Tecnicamente falando, o Gripen pode atingir 4 mil km, duas vezes a velocidade do som, em todas as altitudes em que ele consegue voar. Fora isso, o custo da hora de voo do avião sueco é o mais barato entre os concorrentes, sendo de US$ 4,7 mil por hora, em comparação com os US$ 16,5 mil do francês Rafale e US$ 11 mil do americano F-18.
Governo brasileiro confirma compra de 36 caças supersônicos da SuéciaValores em dólares gastos por hora de voo. (Fonte da imagem: Reprodução/Janes IHS)
Pesa contra a decisão brasileira o fato de o Gripen não ter experiência de batalha até o momento, enquanto os aviões das concorrentes foram largamente utilizados nos últimos conflitos no Oriente Médio. Isso, entretanto, não preocupa a Força Aérea, que já tinha dado sua preferência para o avião sueco antes da decisão da presidente.
O fato de o avião ter 80% de fabricação nacional vai incentivar a indústria de defesa brasileira, que entrou em decadência com o término da ditadura militar no país. De acordo com o ministro da defesa, Celso Amorim, “em breve teremos aviões à altura da necessidade de defesa do nosso país”.

Poder de defesa

De acordo com CEO da Saab, Äke Svensson, o avião da sua companhia é a melhor escolha para o Brasil se comparado aos concorrentes, principalmente pelo seu alcance e capacidade de carregar munição. Em entrevista ao jornal O Globo em 2009, ele comentou que os sistemas de controle, detecção e combate do Gripen são os mais avançados do mundo. Fora isso, ele destaca que o avião é o único capaz de pousar em uma estrada qualquer de apenas 500 metros.
Além de ser o modelo com maior “poder de fogo”, o avião sueco também poder ser modificado de acordo com as necessidades da FAB. Isso só será possível graças à transferência de tecnologia, que permitirá incluir armamento nacional mais eficiente e totalmente fabricado aqui.

Decisão política

O Gripen sempre foi o preferido da FAB, mas as questões políticas do governo brasileiro com os países das concorrentes deixavam o avião sueco no fim da fila. Primeiro havia a possibilidade de um contrato bem mais amplo com a França. Outros equipamentos militares seriam adquiridos. Como isso não foi pra frente, o preço dos aviões franceses ficou em evidência — eram muito caros.
Depois dos escândalos de espionagem da NSA, dificilmente o governo brasileiro assinaria um acordo tão caro e importante com uma empresa norte-americana. No fim das contas, o monitoramento de conversas da presidente, de pessoas importantes do governo e de grandes empresas brasileiras, como a Petrobras, rendeu um “prejuízo” de mais de US$ 5 bilhões aos EUA somente nessa negociação.
Na época em que a presidente cancelou sua visita de Estado à Casa Branca, esperava-se que o anúncio da compra dos caças F-18 da Boeing fosse feito, oportunidade que nunca chegou a acontecer.
Os caças Gripen devem ter vida útil de 30 anos nas operações da FAB. O preço inicial das 36 unidades é de US$ 6 bilhões, mas o governo acredita que pode chegar ao preço final de US$ 5 bilhões na assinatura do contrato, que deve acontecer em até 12 meses.

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